No Rio Sucuri constatam-se imensas reservas de plantas submersas. Foto: Christel Kasselmann.



Bonito — um Paraíso para os Aquaristas



Christel Kasselmann


                                                                                                                                                                                        (HABITAT 81 / 82 / 83 - JANEIRO 2007 A OUTUBRO 2007)



A in­di­ca­ção des­sa área in­te­res­san­te de plan­tas aquá­ti­cas e de pei­xes me foi forne­ci­da há cer­ca de três anos pe­la em­pre­sa di­na­mar­que­sa de cul­ti­vo de plan­tas aquá­ti­cas Tro­pi­ca. Claus Chis­ten­sen, pre­si­den­te des­sa em­pre­sa, me mos­trou fo­tos su­ba­quá­ti­cas ma­ra­vi­lho­sas de bió­to­pos que se acha­vam ri­ca­men­te co­ber­tos de plan­tas.
Eu fi­quei tão fas­ci­na­da que de­ci­di es­pon­ta­nea­men­te pla­ne­jar a mi­nha pró­xi­ma via­gem para Bo­ni­to. Meio ano mais tar­de – no fi­nal de de­zem­bro – ha­via che­ga­do a hora.

Pa­ra adian­tar o assunto: os bió­to­pos ao re­dor de Bo­ni­to fa­zem parte do meio aquá­ti­co mais fas­ci­nan­te que já ti­ve a opor­tu­ni­da­de de ver. E não é um exage­ro con­si­de­rá-los reais pa­raí­sos de plan­tas e pei­xes. Por esse mo­ti­vo, gos­ta­ria de descrever amiú­de es­sa opu­lên­cia do rei­no ve­ge­tal, dis­cu­tir aná­li­ses de água e de so­lo e dar di­cas in­te­res­san­tes a aqua­rió­fi­los sobre como che­gar a Bo­ni­to e o que os es­pe­ra nes­ta região. 



Lo­ca­li­za­ção Geográfica

A pe­que­na ci­da­de de Bo­ni­to acha-se lo­ca­li­za­da no estado fe­de­ral de Ma­to Gros­so do Sul, no su­does­te do Bra­sil. Ela se en­con­tra ao sul do Pan­ta­nal, que é con­si­de­ra­do a maior área ala­ga­da dos tró­pi­cos e sub­tró­pi­cos da Amé­ri­ca do Sul. Da ci­da­de de Cam­po Gran­de, lo­ca­li­za­da à nor­des­te, Bo­ni­to pode ser con­for­ta­vel­men­te al­can­ça­da, de carro, em meio dia através de uma es­tra­da bem as­fal­ta­da de 290 qui­lô­me­tros, pas­san­do pe­las lo­ca­li­da­des de Si­dro­lân­dia e Es­pe­ran­ça. Os ar­re­do­res de Bo­ni­to são bem co­nhe­ci­dos no Bra­sil como área de pro­te­ção am­bien­tal e de la­zer e são mui­to vi­si­ta­dos, prin­cipal­men­te por bra­si­lei­ros. Eles apro­vei­tam os pas­seios na flo­res­ta tro­pi­cal úmi­da e se di­ver­tem na­dan­do e mer­gu­lhan­do nas águas cris­ta­li­nas por entre as inú­me­ras nas­cen­tes. Nos bió­to­pos ci­ta­dos, os tu­ris­tas só podem per­ma­ne­cer em pe­que­nos gru­pos acom­pa­nha­dos de um guia lo­cal. Es­te fato tal­vez pos­sa es­pan­tar um ou outro aqua­rió­fi­lo, uma vez que as pos­si­bi­li­da­des de lo­co­mo­ção são li­mi­ta­das. Con­tu­do, sem tais me­di­das re­gu­la­do­ras, es­ses bió­to­pos dos so­nhos já te­riam si­do destruídos.
 
A vi­si­ta a es­sas águas é ri­gi­da­men­te or­ga­ni­za­da pelos inú­me­ros es­cri­tó­rios de tu­ris­mo existentes em Bo­ni­to.
É necessário fa­zer uma re­ser­va em tem­po há­bil para con­se­guir um lu­gar em uma ex­cur­são. Es­te fa­tor também po­de­rá afas­tar uma ou ou­tra pes­soa da vi­si­ta. Tam­bém não que­ro dei­xar de men­cio­nar que a es­ta­dia em Bo­ni­to, os cus­tos de ho­tel e as ex­cur­sões or­ga­ni­za­das não são ba­ra­tas. Ain­da as­sim, du­ran­te a nos­sa es­ta­da, a gran­de maio­ria de tu­ris­tas no lo­cal era bra­si­lei­ra, ha­via pou­cos es­tran­gei­ros. Por outro lado, uma es­ta­dia em Bo­ni­to pro­me­te fé­rias con­for­tá­veis, re­crea­ti­vas e cheias de aven­tu­ra – as águas ri­cas em pei­xes e plan­tas o ga­ran­tem.     Pa­ra a es­ta­dia pos­so re­co­men­dar a Pou­sa­da Olho d´Água que man­tém uma pá­gi­na na re­de (HYPER­LINK “http://www.poa.tur.br”;  HYPER­LINK “mail­to:bo­ni­to@poa.tur.br”).

Em todos os lo­cais a se­guir des­cri­tos acha­vam-se dis­po­ní­veis rou­pas e equipa­men­tos de mer­gu­lho, bem como lo­cais para ali­men­ta­ção. Além des­tas águas, os es­cri­tó­rios de tu­ris­mo ainda ofe­re­cem outros bió­to­pos os quais devem ser mui­to ri­cos em pei­xes, mas com pou­ca ou ne­nhu­ma in­ci­dên­cia de plan­tas aquá­ti­cas. Assim, é pos­sí­vel per­ma­ne­cer sem problema por um tem­po mais lon­go em Bo­ni­to sem que is­to se tor­ne enfadonho.


Rio Sucuri

No pri­mei­ro dia, jun­ta­men­te com nos­so guia Pe­dro, pro­cu­ra­mos pe­lo Rio Su­cu­ri. As nas­cen­tes deste rio bro­tam a 20 qui­lô­me­tros à su­does­te de Bo­ni­to. Ha­vía­mos re­ce­bi­do a au­to­ri­za­ção de nos jun­tar a uma ex­cur­são no fi­nal da ma­nhã. Ape­sar das inú­me­ras via­gens fei­tas às mais di­ver­sas re­giões do Bra­sil, eu nun­ca ti­nha vi­ven­cia­do uma or­ga­ni­za­ção tão per­fei­ta. Na Fa­zen­da São Ge­ral­do, per­to da re­gião das nas­cen­tes, acha­vam-se dis­po­ní­veis cen­te­nas de rou­pas de mer­gu­lho e sa­pa­tos, para dis­po­ni­bi­li­zar a todos um equi­pa­men­to ade­qua­do. Es­tes eram real­men­te ne­ces­sá­rios para a per­ma­nên­cia na água, pois ape­sar da tem­pe­ra­tu­ra re­la­ti­va­men­te al­ta da água (24ºC), sen­te-se frio em pou­co tem­po com a fal­ta de movimento.






































Os mergulhadores (aqui a filha da autora, Anja) passam por uma experiência impressionante ao deixar-se levar sobre as reservas de
plantas submersas e cardumes de peixes. Foto: Christel Kasselmann.



De­pois que todos ha­viam en­con­tra­do uma rou­pa ade­qua­da, o gru­po de oi­to pes­soas foi le­va­do na ca­çam­ba de uma pick-up através de pi­ca­das es­trei­tas para as pro­xi­mi­da­des das nas­cen­tes do Rio Su­cu­ri. Du­ran­te o tra­je­to,   o Sol ir­ra­dia­va de tal for­ma, que em pou­co tem­po suá­va­mos por bai­xo de nos­sas rou­pas de mer­gu­lho. Nes­ta oca­sião eu me per­gun­tei, por que era necessário que já ves­tís­se­mos as rou­pas de mer­gu­lho. A resposta eu mes­ma descobri mais tar­de. O iní­cio da ex­cur­são não era idên­ti­co ao fi­nal, mo­ti­vo pe­lo qual não pu­de­mos le­var as nos­sas roupas.

Após uma ca­mi­nha­da de meia ho­ra pe­la flo­res­ta com mui­tas ex­pli­ca­ções inte­res­san­tes sobre plan­tas e ani­mais ra­ros, che­ga­mos na área das nas­cen­tes do Rio Su­cu­ri. No meio da flo­res­ta tro­pi­cal úmi­da, nos era apre­sen­ta­da uma vi­são ro­mân­ti­ca. A água cris­ta­li­na das nas­cen­tes ha­via for­ma­do uma ra­sa pro­tu­be­rân­cia pa­re­ci­da com um la­go e cor­ria len­ta­men­te sobre os di­ver­sos gru­pos de plan­tas, en­quan­to que os raios de Sol pe­ne­tra­vam por entre a den­sa co­ber­tu­ra ve­ge­tal e se re­fle­tiam na ve­ge­ta­ção exis­ten­te na água.

Na­tural­men­te, eu ti­nha uma gran­de ne­ces­si­da­de de en­trar nes­se bió­to­po para exami­nar e fo­to­gra­far o in­ven­tá­rio de plan­tas, mas is­to não era per­mi­ti­do. De uma pla­ta­for­ma de ob­ser­va­ção e uma pon­te que pe­ne­tra­va al­guns me­tros nas águas, era pos­sí­vel ob­ter-se uma boa vi­são do ha­bi­tat. Com a aju­da de um bi­nó­cu­lo que sem­pre le­vo co­mi­go, era fa­cil­men­te pos­sí­vel re­co­nhe­cer as plan­tas – ape­sar da dis­tân­cia – e de­ter­mi­nar a maio­ria das es­pé­cies. Um gru­po de Echi­no­do­rus ma­crophyl­lus flo­res­cia den­tro de um pe­que­no la­go e se al­ter­na­va com cam­pos de Echi­no­do­rus bo­li­via­nus, He­te­ran­the­ra zos­te­ri­fo­lia, Ba­co­pa aus­tra­lis e Hydro­coty­le ver­ti­cil­la­ta. Nas par­tes es­cu­ras do la­go tra­ta­va-se de gran­des tra­ves­sei­ros do mus­go Lep­to­dict­yum riparium.






  Echinodorus macrophyllus no Rio Sucuri apresenta       
  espécimes de coloração verde...



































  ... mas em áreas ensolaradas, com forte correnteza,   
  também mostra exemplares com folhas vermelhas.
  Fotos: Christel Kasselmann.



















  Detalhe da folha de Echinodorus macrophyllus.
  Foto: Christel Kasselmann.































  Campos submersos de Echinodorus bolivianus na água
  cristalina da nascente. Foto: Christel Kasselmann.





















  Esta foto de Hydrocotyle verticillata mostra uma densa
  população, em água de forte correnteza, em
  profundidade de cerca de um metro
.
  Foto: Christel Kasselmann.


















  Especialmente impressionantes eram os campos       
  floridos de Potamogeton illinoensis sobre os quais 
  éramos levados com os respiradores
.
  Foto: Christel Kasselmann.















Des­ta im­pres­sio­nan­te área de nas­cen­tes ca­mi­nha­mos uns pou­cos mi­nu­tos até al­can­çar o rio on­de nos aguar­da­va um bar­co. A via­gem de bar­co le­vou 10 a 15 mi­nu­tos, du­ran­te a qual já ob­ti­ve­mos uma pri­mei­ra im­pres­são das enor­mes re­ser­vas de plan­tas existentes nas águas cris­ta­li­nas. En­tão, al­can­ça­mos um pe­que­no cais que ser­vi­ria de ponto de par­ti­da para o nos­so mer­gu­lho de apro­xi­ma­da­men­te 30 mi­nu­tos. Em se­gui­da, re­ce­be­mos uma ins­tru­ção de nos­so guia Pe­dro sobre a téc­ni­ca de na­dar com tu­bo de res­pi­ra­ção. Ou­trossim, fo­mos ins­truí­dos a nos por­tar de tal for­ma no rio que as re­ser­vas de plan­tas não so­fres­sem da­nos e de for­ma que os pei­xes não fos­sem per­tur­bados em seu modo de vi­da. Fo­mos so­li­ci­ta­dos que nos mo­vi­men­tás­se­mos o me­nos pos­sí­vel den­tro da água, dei­xan­do-nos le­var pe­la cor­ren­te­za flu­tuan­do na su­per­fí­cie e que não to­cás­se­mos o fun­do com os pés.    Se pen­sar­mos, que em algumas épo­cas do ano, a ca­da ho­ra, aqui são con­du­zi­dos gru­pos de pessoas, con­cluí­mos que tais precauções cons­ti­tuem uma sig­ni­fi­ca­ti­va e efe­ti­va pro­te­ção ao meio-am­bien­te. Ca­da in­te­gran­te do gru­po re­ce­beu um co­le­te sal­va-vi­das, que não ape­nas for­ne­cia a segurança, como também pro­via a pro­pul­são ne­ces­sá­ria. E então o pas­seio ini­ciou com uma ve­lo­ci­da­de de ti­rar o fôlego.

Com uma ve­lo­ci­da­de de cor­ren­te­za do rio de apro­xi­ma­da­men­te 1,1 metro/se­gun­do, éra­mos, em pri­mei­ra ins­tân­cia, le­va­dos por ci­ma de gran­des agru­pa­men­tos flu­tuan­tes de Po­ta­mo­ge­ton il­li­noen­sis, cu­jas inú­me­ras in­flores­cên­cias já ha­viam se for­ma­do sob a su­per­fí­cie da água. Em se­gui­da al­terna­vam pe­que­nas aglo­me­ra­ções de Poly­go­num hydro­pi­pe­roi­des com gran­des gru­pos de Nymphaea gard­ne­ria­na e He­te­ran­the­ra zos­te­ri­fo­lia. As nin­féias cres­ciam na água a pro­fun­di­da­des de um até dois me­tros, mui­tas ve­zes na mais for­te cor­ren­te­za. Os den­sos fei­xes só podem ter se re­pro­du­zi­do de modo ve­ge­ta­ti­vo, por ra­mi­fi­ca­ções, uma vez que as flo­res não al­can­ça­vam a su­per­fí­cie. Uma re­pro­du­ção por se­men­tes também é di­fí­cil de ser ima­gi­na­da em vir­tu­de da for­te cor­ren­te­za. Con­tu­do, também se viam iso­la­da­men­te pe­que­nas flo­res bran­cas sob o es­pe­lho d’água, mas que não atin­giam a super­fí­cie da água.

Uma plan­ta aquá­ti­ca bas­tan­te co­nhe­ci­da na aqua­rís­ti­ca, He­te­ran­the­ra zoste­ri­fo­lia, também cres­cia sob a for­te cor­ren­te­za. Exi­bia re­ben­tos no­ta­da­men­te cur­tos e deste modo for­ma­va uma den­sa e bai­xa al­mo­fa­da ve­ge­tal. Ape­nas na mar­gem do rio, em áreas cal­mas, ob­ser­vei mu­das iso­la­das que ha­viam al­can­ça­do a su­per­fí­cie e flo­res­ciam. Era no­tó­rio que a for­te cor­ren­te­za im­pe­dia que al­can­ças­sem a su­per­fí­cie da água, pois bro­tos mais lon­gos de He­te­ran­the­ra zos­te­ri­fo­lia eram ime­dia­ta­men­te ar­ran­ca­dos pe­la cor­ren­te­za e le­va­dos pe­la água do rio. Pos­si­vel­men­te os pei­xes também uti­li­zam os reben­tos des­ta plan­ta como ali­men­to man­ten­do deste modo a plan­ta cur­ta. Eu pu­de ob­ser­var di­ver­sas ve­zes como di­fe­ren­tes es­pé­cies de pei­xe be­lis­ca­vam os brotos.

Ape­nas na mar­gem do rio e não na for­te cor­ren­te­za no meio do rio, po­dia se ob­ser­var iso­la­da­men­te lon­gos re­ben­tos de Myriophyl­lum aqua­ti­cum, a es­pécie bra­si­lei­ra mais comum do gênero, que também emer­gia da su­per­fí­cie. Na luz in­ten­sa, es­ta plan­ta ad­qui­riu uma cor le­ve­men­te aver­me­lha­da. Na­dan­do com um tu­bo de res­pi­ração pe­lo rio, os pe­que­nos fei­xes com enor­mes Pon­te­de­ria par­vi­flo­ra existen­tes no cen­tro cha­mam mui­ta aten­ção, que também eram do­mi­nan­tes na mar­gem do rio aci­ma do es­pe­lho d’água. Com seus pe­cío­los e fo­lhas for­tes, as plan­tas so­li­tá­rias estão em con­di­ção de re­sis­tir bem à for­te correnteza.

Im­pres­sio­nan­tes também eram os cam­pos iso­la­dos de Echi­no­do­rus bo­li­vianus, que pos­suíam fo­lhas no­ta­da­men­te lar­gas e lon­gas. Es­tas plan­tas lembra­vam uma for­ma tri­plói­de da cul­tu­ra aqua­rís­ti­ca que é de­no­mi­na­da   E. qua­dri­cos­ta­tus e al­can­ça uma al­tu­ra de apro­xi­ma­da­men­te 40 cen­tí­me­tros em aquá­rio. No Rio Su­cu­ri, con­tu­do, es­tas plan­tas ad­qui­riam ta­ma­nhos ainda maio­res. Po­diam também ser cons­tan­te­men­te ob­ser­va­dos os bro­tos de­li­ca­dos e es­cu­ros de um tipo de Cha­ra, pro­va­vel­men­te Cha­ra rus­bya­na, um plan­ta cu­ja ma­nu­ten­ção ainda não foi tes­ta­da em aquá­rio. Im­pres­sio­nan­tes, no Rio Su­cu­ri, também eram os gru­pos iso­la­dos de Gymno­co­ro­nis spi­lan­thoi­des e Echi­no­do­rus ma­crophyl­lus. Nun­ca an­tes eu ha­via avis­ta­do exem­pla­res tão ro­bus­tos de E. ma­crophyl­lus como nes­te rio. Mas, dois dias mais tar­de, ainda fi­ca­ria mais im­pres­sio­nan­te na Baía Bonita!






  Uma espécie desconhecida na aquariofilia é a alga  
  Chara rusbyana
encontrada com frequência no rio
.
  Foto: Christel Kasselmann.

















Pott (1999) também ci­ta a exis­tên­cia de Hydro­coty­le leu­co­ce­pha­la no Rio Su­cu­ri. E real­men­te po­dia ser vista em al­guns pon­tos no rio a es­pé­cie ame­ri­ca­na, Hydro­coty­le ver­ti­cil­la­ta, o que po­dia ser cla­ra­men­te cons­ta­ta­do através do limbo foliar sem reen­trân­cias. A es­pé­cie bra­si­lei­ra, no en­tan­to, pos­sui uma cla­ra fenda cuneiforme até o cen­tro da lâ­mi­na (um­bi­go), a qual não po­dia ser cons­ta­ta­da nas plan­tas existentes no rio. A es­pé­cie bra­si­lei­ra também po­dia ser vista com fre­quên­cia na área ao re­dor de Bo­ni­to, mas qua­se que ex­clusi­va­men­te fo­ra da água, até como plan­ta da flo­res­ta. Ela também é uti­li­za­da como plan­ta or­na­men­tal nes­te lo­cal. Hydro­coty­le ver­ti­cil­la­ta, ao con­trá­rio, não é ci­ta­da na li­te­ra­tu­ra como exis­tin­do no Rio Su­cu­ri, mo­ti­vo pe­lo qual eu su­po­nho ha­ver um er­ro de iden­ti­fi­ca­ção, res­pec­ti­va­men­te uma tro­ca com H. leucocephala.

Es­te pas­seio ex­ci­tan­te com tu­bo de res­pi­ra­ção pe­las águas do Rio Su­cu­ri du­rou 30 mi­nu­tos, mas me pa­re­ceu bem mais lon­go. Tal­vez porque ha­via mui­to a ser vis­to, as re­ser­vas im­pres­sio­nan­tes de plan­tas, das quais co­nhece­mos di­ver­sas es­pé­cies de aquá­rio e a gran­de quan­ti­da­de de es­pé­cies de pei­xes (sobre is­to fa­la­rei mais tar­de). Eu gos­ta­ria de ter con­ti­nua­do a na­dar pe­lo rio, mas após dois qui­lô­me­tros fo­mos “pes­ca­dos”. Por um lado eu es­ta­va um pou­co de­cep­cio­na­da pe­lo fato da ex­cur­são ter ter­mi­na­do, por outro lado fe­liz e sa­tis­fei­ta com es­ta ex­pe­riên­cia fas­ci­nan­te. No entanto, os outros bió­to­pos pro­va­ram ser tão ri­cos em di­ver­si­da­de ve­ge­tal e pis­cí­co­la como o Rio Sucuri.






 
  Eram notáveis as grandes aglomerações de Nymphaea
  gardneriana
que cresciam na correnteza (profundidade
  de um a dois metros); lá, a espécie havia adquirido
  uma forte coloração vermelha.

  Foto: Christel Kasselmann.















Rio Baía Bonita

Das inú­me­ras ofer­tas da Pou­sa­da Olho d’Água, que não era ape­nas o nos­so abri­go, mas também on­de se pla­ne­ja­vam as de­se­ja­das ex­cur­sões, eu ha­via es­co­lhi­do como pró­xi­mo ro­tei­ro o Rio Baía Bo­ni­ta, pois, de acor­do com os re­la­tos, este rio pro­me­tia ter uma ri­ca in­ci­dên­cia de plan­tas e pei­xes. Pa­ra adian­tar, pos­so afir­mar que em ne­nhum lo­cal dos tró­pi­cos eu pu­de ver um bió­to­po tão fas­ci­nan­te, com uma den­si­da­de po­pu­la­cio­nal de di­fe­ren­tes es­pé­cies de plan­tas tão gran­de, quan­to o que existe na re­gião da nas­cen­te desse rio.








































Chegada em Baía Bonita: na correnteza, diversos peixes, pequenos e grandes, permaneciam
na densa cobertura vegetal, dentre os quais Brycon microlepis (piraputanga), Prochilodus lineatus
(curimbatá) e cardumes de uma espécie de Serrapinnus. Foto: Christel Kasselmann.




As nas­cen­tes do Rio Baía Bo­ni­ta ema­nam a cer­ca de se­te qui­lô­me­tros ao sul da ci­da­de de Bo­ni­to, sen­do que a via­gem de car­ro até o lo­cal per­faz ape­nas meia ho­ra. Tam­bém aqui, tu­do es­ta­va per­fei­ta­men­te or­ga­ni­za­do, de modo que os tra­jes e equi­pa­men­tos de mer­gu­lho pu­de­ram ser ra­pi­da­men­te es­co­lhi­dos. Após uma ca­mi­nha­da de meia ho­ra através da flo­res­ta tro­pi­cal, che­ga­mos ao lo­cal das nas­cen­tes. A vista da Baía Bo­ni­ta era es­pe­ta­cu­lar e fez com que o meu co­ra­ção ba­tes­se ni­ti­da­men­te mais for­te.




































Os mergulhadores, equipados com snorkel, podiam permanecer por meia hora na Baía Bonita
. Foto: Christel Kasselmann.



Cer­ca­da por uma flo­res­ta tro­pi­cal, en­con­tra­va-se uma pe­que­na sa­liên­cia se­me­lhan­te a um la­go com uma ex­traor­di­ná­ria quan­ti­da­de de plan­tas e mui­tos pei­xes. O Sol re­fle­tia seus raios na água cris­ta­li­na, dei­xan­do an­te­ver, já na mar­gem, enor­mes re­ser­vas de Echi­no­do­rus e vá­rios pei­xes gran­des. Os es­pé­ci­mes de Echi­no­do­rus es­ti­ca­vam suas inú­me­ras in­flo­res­cên­cias, que também atra­ves­sa­vam, em parte, a su­per­fí­cie da água. Es­ta vi­são era sim­ples­men­te es­ton­tean­te. Eu não me can­sa­va de ad­mi­rar. Um real pa­raí­so para os aquariófilos!







  A visão estonteante do mergulhador com os    
  exuberantes campos submersos de Echinodorus
  macrophyllus
...




















  ... que, acima da água, também formavam folhas e
  inflorescências
. Fotos: Christel Kasselmann.

















Os mer­gu­lha­do­res, equi­pa­dos com snor­kel, po­diam per­ma­ne­cer cer­ca de meia ho­ra na Baía Bo­ni­ta. Eu apro­vei­tei o tem­po para re­gis­trar as im­pres­sões fas­ci­nan­tes que ti­ve com a mi­nha câ­me­ra di­gi­tal, para a qual eu ha­via ad­qui­ri­do um re­ves­ti­men­to su­ba­quá­ti­co (cai­xa es­tan­que). Ape­nas nes­sa ex­cur­são com snor­kel fo­ram fei­tas, apro­xi­ma­da­men­te, 150 fo­tos; is­to porque meu car­tão não ti­nha mais capacidade de ar­ma­ze­na­men­to, se­não ainda te­ria si­do um nú­me­ro maior. Es­pe­ro que as fo­tos aqui apre­sen­ta­das es­pe­lhem um pou­co desse bió­to­po impressionante.
 
O lo­cal de en­tra­da da Baía Bo­ni­ta era o seu ponto mais pla­no, pos­suin­do uma pro­fun­di­da­de de qua­se um me­tro. As re­ser­vas de Echi­no­do­rus ma­crophyl­lus cres­ciam em uma água cu­ja pro­fun­di­da­de era de um me­tro e meio a dois me­tros. Elas ha­viam for­ma­do fo­lhas sub­mer­sas gi­gan­tes­cas, sen­do que as fo­lhas jo­vens cen­trais ad­qui­ri­ram uma to­na­li­da­de ro­sa-aver­me­lha­da bri­lhan­te em vir­tu­de da in­ten­sa luz so­lar. A es­tru­tu­ra com­ple­ta da plan­ta era fir­me, até as fo­lhas mais jo­vens ti­nham uma ri­gi­dez sur­preen­den­te, embora a água na baía fos­se cal­ma e não pu­des­se ser cons­ta­ta­da uma cor­ren­te­za explícita.







  Espécimes jovens de Echinodorus macrophyllus na  
  margem da baía, apenas com folhas pequenas e ainda
  sem inflorescências
. Foto: Christel Kasselmann.



















  As ramagens de Echinodorus macrophyllus só faziam
  frente à correnteza em razão da estrutura coriácea de
  suas folhas
. Foto: Christel Kasselmann.
















No cen­tro da baía ha­via um cam­po den­so de Echi­no­do­rus bo­li­via­nus en­tre­mea­do com E. ma­crophyl­lus. É fo­ra do co­mum duas es­pé­cies apa­ren­ta­das cons­ti­tuí­rem uma bio­ce­no­se nu­ma área tão res­tri­ta, sem que uma de­las fos­se su­pri­mi­da de seu ni­cho eco­ló­gi­co. Tal­vez is­to só te­nha si­do pos­sí­vel porque am­bas as es­pé­cies apre­sen­tam di­fe­ren­ças mar­can­tes de ta­ma­nho e a me­nor de­las cres­ce ape­nas como “ve­ge­ta­ção ras­tei­ra” da es­pé­cie maior, que, por sua vez, dei­xa pas­sar luz su­fi­cien­te por entre suas fo­lhas de lon­gos pe­cío­los, pos­si­bi­li­tan­do, as­sim, o crescimento da es­pé­cie menor.






  No centro da baía, os magníficos campos de
  Echinodorus bolivianus
e E. macrophyllus compunham
  uma biocenose singular de, aproximadamente, dois
  metros de profundidade. Foto: Christel Kasselmann.
















Na baía, os es­pé­ci­mes de Echi­no­do­rus bo­li­via­nus eram subs­tan­cial­men­te maio­res que as plan­tas de aquá­rios por mim co­nhe­ci­das; mais tar­de, eu ainda achei pe­que­nas re­ser­vas dessa es­pé­cie em for­tes cor­ren­te­zas que pos­suíam gran­de se­me­lhan­ça com a apa­rên­cia das plan­tas aquá­ti­cas cul­ti­va­das em aquá­rio. Nesse dia, as dis­cus­sões que eu ti­ve­ra no pas­sa­do sobre o po­si­cio­na­men­to sis­te­má­ti­co de es­pé­cies do com­ple­xo Echi­no­do­rus bo­li­via­nus, com ami­gos do cír­cu­lo de Echi­no­do­rus, não me saíam da ca­be­ça. Des­de a vi­são das plan­tas no Rio Baía Bo­ni­ta, eu não te­nho mais dú­vi­da de que E. bo­li­via­nus é uma es­pé­cie for­te­men­te va­riá­vel, cu­jo crescimento de­pen­de, em lar­ga es­ca­la, de fa­to­res do meio am­bien­te, sen­do que nes­se rio ainda há a gran­de de­pen­dên­cia da ofer­ta de nu­trien­tes e as con­di­ções da correnteza.(*)




(*) Nota do editor: O gênero Echinodorus (família Alismataceae) tem sido relativamente bem estudado. Alguns trabalhos mais recentes baseados em análise molecular foram publicados. Um novo gênero denominado Helanthium
foi criado para enquadrar o grupo de espécies de pequeno porte do qual Echinodorus bolivianus fazia parte (antes Helanthium era apenas um subgênero de Echinodorus). Assim, Echinodorus bolivianus, E. quadricostatus e E. angustifolius passaram a ser consideradas variações cromossomiais de uma mesma espécie: Helanthium bolivianum. Echinodorus tenellus agora é Helanthium tenellum (Fonte: Kasselmann, 2011).

Kasselmann, C. (2011) Neue Namen für Aquarienpflanzen (I).
D. Aqu. u. Terr. Z. (Datz), 64(5): 29-34.

Lehtonen, S. & Myllys, L. (2008) Cladistic analysis of Echinodorus (Alismataceae): Simultaneous analysis of molecular and morphological data. Cladistics, 24: 218-239.




Na Baía Bo­ni­ta, a es­pé­cie de plan­ta cla­ra­men­te do­mi­nan­te era Echi­no­do­rus ma­crophyl­lus, cu­jas re­ser­vas se al­ter­na­vam com gran­des gru­pos de Cha­ra rus­bya­na. A co­lo­ra­ção ver­de-es­cu­ra da Cha­ra for­ma­va um jogo de co­res su­ba­quá­ti­co im­pres­sio­nan­te jun­to com os tons ver­de-cla­ro e aver­me­lha­do da plan­ta lanceolada.






  Jogo de cores subaquáticas na baía: o verde-escuro de
  Chara rusbyana
alternava com o verde-claro e os tons
  de vermelho das plantas lanceoladas
.
  Foto: Christel Kasselmann.




























Eu poderia ter per­ma­ne­ci­do lá mui­to mais que 30 mi­nu­tos, mas a via­gem de snor­kel, de um a dois qui­lô­me­tros pe­lo rio, es­ta­va para ser ini­cia­da e os outros par­ti­ci­pan­tes do gru­po me pres­sio­na­vam. Quan­to mais per­to che­gá­va­mos da saí­da da baía, mais per­cep­tí­vel se tor­na­va a cor­ren­te­za, que su­bi­ta­men­te im­pe­liu todos os mer­gu­lha­do­res para fo­ra da água. Du­ran­te es­se pro­ces­so, fo­mos ar­ras­ta­dos por entre tu­fos de Gymno­co­ro­nis spi­lan­thoi­des de mais de dois me­tros de al­tu­ra, que cresciam tanto su­ba­quá­ti­cos, na for­te cor­ren­te­za, quan­to sobre a su­per­fí­cie da água, jun­to à mar­gem. As plan­tas pos­suíam fo­lhas mui­to maio­res que as que eu ha­via vis­to em aquá­rio. Apa­ren­te­men­te, as re­la­ções nu­tri­cio­nais e con­di­ções de vi­da são ex­cep­cio­nais para Gymno­co­ro­nis spilanthoides!






  Os mergulhadores eram levados ao longo de
  gigantescos aglomerados de Gymnocoronis  
  spilanthoides
. Foto: Christel Kasselmann.



























  Não apenas Gymnocoronis spilanthoides mas também  
  muitos pequenos caracídeos pareciam apreciar a forte  
  correnteza da água. Foto: Christel Kasselmann.

















Tam­bém eram vi­sí­veis gran­des agru­pa­men­tos da plan­ta Na­jas gua­da­lu­pen­sis às mar­gens da baía, que per­to da su­per­fí­cie da água, na luz so­lar in­ten­sa, ha­viam for­ma­do ge­mas aver­me­lha­das. Con­ti­nua­mos a ser ar­ras­ta­dos pe­la cor­ren­te­za sobre den­sos agru­pa­men­tos de Po­ta­mo­ge­ton il­li­noen­sis, que só ob­ser­vei com ta­ma­nha den­si­da­de nes­se rio. En­tre as plan­tas e a su­per­fí­cie da água exis­tia somente o es­pa­ço su­fi­cien­te para que eu pu­des­se des­li­zar por ci­ma! Eu nun­ca ha­via vis­to an­tes um es­to­que tão es­plên­di­do quan­to o apre­sen­ta­do por essa plan­ta do­mi­nan­te nes­sa eta­pa do rio. O Sol bri­lha­va e cau­sa­va uma as­si­mi­la­ção ini­ma­gi­ná­vel das plan­tas. Na água, o oxi­gê­nio proveniente da fotossíntese bor­bu­lha­va com tan­ta abun­dân­cia em di­re­ção à su­per­fí­cie da água, que tí­nha­mos a im­pres­são de que al­guém ha­via der­ra­ma­do gran­des quan­ti­da­des de água mi­ne­ral den­tro do rio.



































Uma visão espetacular: um infindável tapete de Potamogeton illinoensis em processo de forte assimilação fotossintética
(observe a grande quantidade de bolhas de oxigênio). Foto: Christel Kasselmann.




Após al­gum tem­po, os den­sos agru­pa­men­tos se tor­na­ram me­nos den­sos, e foi pos­sí­vel ob­ser­var uma as­so­cia­ção de plan­tas com­pos­ta de Po­ta­mo­ge­ton il­li­noen­sis e Echi­no­do­rus ma­crophyl­lus. As Echi­no­do­rus ma­crophyl­lus também se acha­vam mui­to agru­pa­das na mar­gem do rio, on­de emer­giam da água e flo­res­ciam. Na for­te cor­ren­te­za, con­tu­do, só fo­ram en­con­tra­dos exem­pla­res in­di­vi­duais ou pe­que­nos gru­pos. Nes­te se­tor, o rio al­can­ça­va cer­ca de 10 me­tros de lar­gu­ra. A cor­ren­te­za era tão in­ten­sa, que fo­mos ine­vi­ta­vel­men­te ar­ras­ta­dos. Te­ria si­do qua­se im­pos­sí­vel fa­zer frente a ela para se che­gar a uma ou­tra parte do rio.

An­tes de o Rio Baía Bo­ni­ta ser ab­sor­vi­do pe­lo Rio For­mo­sa, pu­de ob­ser­var, além das es­pé­cies de plan­tas já ci­ta­das, gran­des agru­pa­men­tos de Myriophyl­lum, de­ven­do, pro­va­vel­men­te, se tra­tar do re­pre­sen­tan­te bra­si­lei­ro da es­pé­cie, Myriophyl­lum aqua­ti­cum. Fi­quei sur­preen­di­da pe­lo fato de que a ge­ma des­ta es­pé­cie também pode apre­sen­tar uma for­te co­lo­ra­ção ver­me­lho-es­cu­ra, o que pro­va­vel­men­te é cau­sa­do pe­la gran­de in­ci­dên­cia da luz so­lar. Pa­ra po­der fo­to­gra­far e não ser le­va­da pe­la cor­ren­te­za, fui obri­ga­da a me se­gu­rar num tron­co que se pro­je­ta­va den­tro d’água. Em­bo­ra as ge­mas cres­ces­sem nes­sa cor­ren­te­za, elas se acha­vam for­te­men­te co­ber­tas por se­di­men­tos. Até aque­le mo­men­to, eu só co­nhe­cia Myriophyl­lum aqua­ti­cum com ge­mas de co­lo­ra­ção meramente es­ver­dea­das, mo­ti­vo pe­lo qual, du­ran­te se­ma­nas, du­vi­dei de que se tra­tas­se efe­ti­va­men­te de Myriophyl­lum aqua­ti­cum, já que a li­te­ra­tu­ra cien­tí­fi­ca (Pott, 1999) ci­ta es­ta es­pé­cie como exis­tin­do ape­nas no Rio Baía Bo­ni­ta. No ve­rão pas­sa­do, con­tu­do, pu­de me con­ven­cer do fato de que Myriophyl­lum aqua­ti­cum real­men­te pos­sui co­lo­ra­ção va­ria­da, pois com a maior in­ci­dên­cia dos raios so­la­res, as plan­tas em meu la­go também ad­qui­ri­ram um tom le­ve­men­te aver­me­lha­do. Imaginamos que, com a luz in­ten­sa dos tró­pi­cos, a co­lo­ra­ção pode ser ver­me­lho-escura.






  Eu só encontrei a tradicional planta brasileira  
  Myriophyllum aquaticum
em uma forte correnteza, com
  brotos de coloração vermelho-escura.
  Foto: Christel Kasselmann.
















Na Baía Bo­ni­ta, eu já ha­via vis­to di­ver­sos pei­xes, entre outros, mui­tos exem­pla­res gran­des de Brycon mi­cro­le­pis – de­no­mi­na­da pelos na­ti­vos de pi­ra­pu­tan­ga – e Pro­chi­lo­dus li­nea­tus, po­rém, me con­cen­trei mais nas plan­tas, uma vez que o tem­po era por de­mais cur­to, não me per­mi­tin­do uma ob­ser­va­ção pa­ra­le­la de plan­tas e pei­xes.  Du­ran­te a via­gem de snor­kel pe­lo rio, eu avis­tei vá­rios pei­xes pe­que­nos pas­san­do por mim, em es­pe­cial, car­du­mes de uma es­pé­cie de Ser­ra­pin­nus (pro­va­vel­men­te S. krie­gi). Eles não me pa­re­ciam es­tar ne­nhum pou­co as­sus­ta­dos, pe­lo con­trá­rio, che­ga­vam bem per­to de mim, como se es­ti­ves­sem cu­rio­sos com aque­le ob­je­to es­tra­nho boian­do na água.

Cer­ca de dois qui­lô­me­tros dis­tan­tes da Baía Bo­ni­ta, o rio imer­ge no Rio For­mo­sa. Nes­te tre­cho, os par­ti­ci­pan­tes do mer­gu­lho fo­ram no­va­men­te re­ti­ra­dos da água. No to­tal, só fo­ram ob­ser­va­das pou­cas es­pé­cies de plan­tas no Rio Baía Bo­ni­ta, como também já ha­via si­do cons­ta­ta­do em relação ao Rio Su­cu­ri, po­rém, aquelas ocor­rem em ta­ma­nha den­si­da­de po­pu­la­cio­nal, como eu ja­mais ha­via vis­to an­tes. Foi uma ex­pe­riên­cia su­ba­quá­ti­ca muito     es­pe­cial.



Rio da Prata

O Rio da Prata, também denominado pelos nativos Silver River, nasce ao sul da pequena cidade de Bonito. Dessa vez, teremos que percorrer uma distância razoavelmente longa de uma hora e meia, apesar das condições relativamente boas da estrada. A viagem nos conduz através da cidade de Jardim, localizada a 51 quilômetros a sudoeste e a 25 quilômetros a oeste da nascente do Rio da Prata. Nosso guia Pedro nos acompanha. Ele nos informa que teríamos de contar adicionalmente com um guia local, pois não possui licença referente àquela localidade. Pedro nos esclarece ainda que a cada dois meses os guias têm de participar de um curso extensivo para poder acompanhar grupos. E ele não havia tomado tal providência.
 
Nas proximidades do Rio da Prata existe uma fazenda que nos forneceu o equipamento de mergulho apropriado e que, após a excursão, cuidou de nosso bem-estar. Nosso grupo já estava registrado para uma turnê de snorkel, a organização foi precisa. Em primeira instância, rodamos por cerca de cinco minutos na carroceria aberta de um carro, em seguida, caminhamos por aproximadamente 45 minutos através de uma floresta tropical. Em alguns lugares menos densos, eu avistei esporadicamente Hydrocotyle leucocephala sobre o solo úmido da floresta. E, subitamente, estávamos diante da nascente do Rio da Prata. É uma pequena baía, na qual, utilizando snorkel, pudemos observar, em alguns locais, as nascentes subterrâneas. Surpreendentemente, ao contrário da Baía Bonita, lá quase não existem plantas, mas uma infinidade de peixes grandes e pequenos, e também algas.


Provavelmente, o crescimento das algas é influenciado pelo ser humano, uma vez que os grupos de pessoas que visitam o local em certos dias deixam, naturalmente, resquícios humanos para trás. Apesar desse crescimento de algas, eu descrevi, mais tarde em meu diário, o local como sendo uma paisagem subaquática magnífica, pois me senti como em um gigantesco aquário. Lá ocorrem muitos peixes de grandes proporções, entre outros, Prochilodus lineatus, denominado curimbatá pelos nativos, e Brycon microlepis, também chamado de piraputanga, e observei ainda muitos caracídeos, provavelmente da espécie Serrapinnus kriegi, em pequenos bandos. Na maioria das vezes, contudo, a correnteza estava muito forte para focar rapidamente os peixes com uma câmera digital. Para isso, teria sido necessário usar uma câmera de reflexo de lente. Assim, infelizmente, só consegui fazer algumas fotos, as quais também mostram espécies de peixes individuais no Rio da Prata. Porém, a água estava tão cristalina e a incidência de raios solares tão alta que pude fotografar sem flash. O que achei surpreendente é que existem cardumes tanto de pequenos caracídeos quanto de grandes predadores, com aproximadamente 50 centímetros de comprimento, como Salminus maxillarus, o saboroso dourado.






  Na região da nascente do Rio da Prata, os
  mergulhadores sentem-se como se estivessem em um
  gigantesco aquário, no qual circulam cardumes de
  espécies grandes e pequenas.
  Foto: Christel Kasselmann.


















  Curimbatá (Prochilodus lineatus).
  Foto: Christel Kasselmann.






















  O famoso dourado (Salminus maxillosus), um predador
  que fica na forte correnteza esperando sua presa.
  Foto: Christel Kasselmann.


















Daí começou a turnê de snorkel. Saímos da baía e seguimos rio abaixo, ao sabor da correnteza. No início, durante um longo setor do rio, pudemos avistar exclusivamente Heteranthera zosterifolia. Enormes agrupamentos formavam acolchoados, com plantas de três até no máximo 20 centímetros de altura, que cresciam na forte correnteza. Eu pude observar como muitos peixes se alimentam dessas plantas e, assim, mantêm os rebentos curtos. Em um determinado local, pude ver longas hastes na correnteza, como as que conhecemos da aquariofilia. Surpreendentemente, essa planta considerada no aquarismo como necessitando de muita luz também crescia a uma profundidade de 2,5 metros e lá, igualmente, formava grandes acolchoados.  






  Esses grandes campos de plantas são fantásticos:
  Heteranthera zosterifolia
, até onde o olho humano pode
  alcançar. Um exemplar de Crenicichla edithae descansa
  sobre as plantas. Foto: Christel Kasselmann.




















  Em razão da forte correnteza, Heteranthera zosterifolia
  forma pequenos acolchoados no rio. Provavelmente,     
  os peixes também aparam os rebentos.

  Foto: Christel Kasselmann.















Somente após algumas centenas de metros é que pude avistar, além dos grandes grupos de Heteranthera zosterifolia, uma outra espécie de planta que já conhecia do Rio Baía Bonita. Tratava-se de grandes campos de Echinodorus bolivianus, que no Rio da Prata possuíam um crescimento bem menor, de modo que eu não tinha certeza se eram da mesma espécie ou de uma outra menor, i.e., a menor planta lanceolada, Echinodorus tenellus. Como eu não estava autorizada a levar alguns exemplares para exame e determinação, eu confiei nas informações da literatura. Pott (1999) cita apenas Echinodorus bolivianus para o Rio da Prata.

No início da turnê de snorkel, o rio possuía apenas uma largura de cinco a 10 metros e até dois metros de profundidade. Depois de cerca de dois quilômetros, a água do rio passava por cascatas rasas, motivo pelo qual o grupo teve de sair da água e andar por volta de 500 metros pela margem. Em seguida, era visível o mesmo quadro subaquático: quase que exclusivamente acolchoados de Heteranthera zosterifolia, também esporadicamente grandes campos de Echinodorus bolivianus, que por vezes se achavam mesclados de Hydrocotyle verticillata. Foram raras as vezes que avistei populações exclusivas de Hydrocotyle leucocephala a quase um metro de profundidade. Surpreendentemente, não pude observar outras espécies de plantas, como por exemplo, ninféias e Potamogeton, que podiam ser vistas em grandes quantidades nos outros rios. Mas eu nunca havia visto antes reservas tão substanciais de Heteranthera zosterifolia! Parece que esta espécie encontra as condições ideais no Rio da Prata. Foi incrível ainda ter visto um crescimento esporádico de algas entre as plantas Echinodorus bolivianus e Heteranthera zosterifolia na margem, em águas mais calmas. Pude observar tanto algas verdes filamentosas, quanto glomérulos de um tipo de alga semelhante a um pincel que, todavia, não crescia sobre as folhas.






  Esporadicamente, pode ser constatado o crescimento
  de algas no Rio da Prata, provavelmente devido à
  influência humana. Aqui, algas filamentosas cobrem
  uma pequena população de Echinodorus bolivianus e
  Heteranthera zosterifolia.
Foto: Christel Kasselmann.

















  No Rio da Prata, poucas vezes encontrei populações
  puras de Hydrocotyle verticillata, aqui em profundidade
  de cerca de um metro. Foto: Christel Kasselmann.

















Algumas centenas de metros adiante, após cerca de 90 minutos de turnê de snorkel, os primeiros participantes foram retirados da água e levados em um barco. Essas pessoas estavam muito cansadas ou, provavelmente, haviam visto o suficiente para aquele dia. Quem quisesse — e isto eu não precisei dizer duas vezes — poderia se deixar levar adiante através da correnteza.






  Apenas uma vez eu pude encontrar Isoetes pedersenii
  vegetando na margem. Esta espécie também crescia  
  submersa na forte correnteza.
  Foto: Christel Kasselmann.
















O rio dispunha de uma largura de 15 a 30 metros e uma profundidade de cerca de dois a quatro metros. Apesar de a água estar levemente turva, ainda foi possível reconhecer os acolchoados de folhas curtas de Heteranthera zosterifolia. Poucos metros antes de eu também ter sido retirada da água, descobri na margem, sob a superfície da água, algumas plantas do gênero Isoetes. Os exemplares de Isoetes cresciam no solo arenoso-rochoso junto com Bacopa australis e Heteranthera zosterifolia em flor. Na forte correnteza, eu ainda consegui me segurar em um galho para fazer algumas fotos. No caso das Isoetes, parecia tratar-se de Isoetes pedersenii, uma espécie que, aliás, não é citada na literatura como ocorrendo no Rio da Prata. 




































Esta é a aparência de um aquário natural: um campo de Echinodorus bolivianus entremeado por pedras e galhos caídos na água.
Na forte correnteza da água, formaram-se plantas com longas folhas.
Foto: Christel Kasselmann.





Ceita Coré
 
Os resultados da análise de solo da região de nascente de Ceita Coré já estão disponíveis e nos fornecem também esclarecimento sobre o tipo de nutrição das plantas nos outros biótopos citados. Assim, para podermos comparar as águas entre si, os dados referentes à região de nascente de Ceita Coré serão aqui apresentados.
 
Ceita Coré acha-se localizada a 41 quilômetros ao norte de Bonito, na direção da cidade de Bodoquena. Lá se encontra a nascente do Rio Chapeninha, cuja água cristalina forma um lago artificialmente represado. A água flui através do lago em alta velocidade e se une ao Rio Chapena. Nesse lago, eu encontrei grandes estoques de Bacopa australis, que é uma nova planta de aquário, tanto na forma imersa, com muitas flores, quanto na água rasa. A espécie não aparece na forte correnteza das águas abertas, onde cresciam enormes estoques de Echinodorus bolivianus e Chara sp. Os grandes campos submersos de Echinodorus bolivianus se achavam com um crescimento tão magnífico e eram tão impressionantes, que eu imediatamente me perguntei o que estaria causando tal crescimento nesse local. Os resultados da análise da prova do solo são a solução para este enigma. Eles fornecem esclarecimentos conclusivos sobre a nutrição das plantas, os quais eu debaterei a seguir.
 


Discussões sobre as análises de água e de solo

As análises da água foram feitas em parte no local, em parte no laboratório (análise completa). Os resultados mostram que as espécies constatadas nos quatro biótopos crescem em águas duras, ricas em carbonatos e eletrólitos, bastante incomuns no tocante às condições dos trópicos (a dureza carbonatada é apenas um pouco inferior à dureza total) com altos teores de cálcio e teores variados de magnésio, de modo que podemos falar de águas carbonatadas de cálcio e magnésio. O planalto de Bodoquena, a oeste das nascentes, é composto de rochas calcáreas e, de fato, constata-se grande incidência de rochas carbonatadas na região ao redor de Bonito.
 



























Análise da água dos rios nas cercanias da cidade de Bonito (MS).

n.d.: não detectável.



Todos os valores de pH medidos no local mostram um valor levemente alcalino, o que é incomum em biótopos de plantas tropicais, para os quais normalmente é constatado um valor de pH levemente ácido com água bastante mole (especialmente os ambientes no Brasil). Os teores de dióxido de carbono, notadamente altos em valores de pH levemente alcalinos, influenciam de forma substancial o alto número de espécimes. Observa-se que a retirada da amostra da água de análise do Rio Baía Bonita foi feita ao final da turnê de snorkel, portanto, cerca de dois quilômetros distante da área das nascentes. Deve-se partir do pressuposto de que o teor de dióxido de carbono na Baía Bonita ainda é mais alto do que o valor medido.

Além disso, as análises da água dos quatro rios mostram que as espécies de plantas incidentes crescem em águas pobres em nutrientes (oligotróficas), nas quais não foram encontradas quantidades confiáveis de amônia, fosfato, nitrito e cloreto, o que diferencia substancialmente essas águas daquelas comumente usadas em aquários. Surpreendentemente, os nutrientes vegetais essenciais, potássio e sódio, também não estão presentes ou são encontrados em apenas um corpo d’água, e mesmo assim em concentração muito baixa. Apenas nos rios Sucuri e Baía Bonita, onde o crescimento vegetal foi encontrado em densidade populacional extremamente alta, é que se constata a presença de nitrato e sulfato. No Rio da Prata e na Ceita Coré, contudo, na presença de uma pequena quantidade de espécies de plantas, só é encontrada quantidade muito baixa ou nenhuma de nitrato e sulfato. O valor muito baixo ou não passível de comprovação de DQO (Demanda Química de Oxigênio) mostra claramente que quase não se encontram substâncias húmicas dissolvidas na água. O DQO, bem como a água cristalina, leva a crer que a quantidade de oxigênio na água é alta. No total, a água só é muito pouco carregada de metais pesados.
 
Ao avaliar os resultados dessa análise, nos perguntamos como essa grande quantidade individual de plantas pode se alimentar em água relativamente pobre de nutrientes (com exceção do dióxido de carbono), uma vez que a presença dos nutrientes principais, fósforo e potássio, não foi comprovada. A resposta a esta questão pode ser dada após a avaliação da análise do solo (feita pela LUFA, em Kassel, Alemanha) de Ceita Coré. Aliás, eu só estive em condições de coletar uma amostra do solo nesse local, perto das plantas na água rasa, uma vez que os outros corpos d’água eram muito fundos. Embora seja fundamentalmente problemático transferir resultados de análises a outros ambientes, é possível, no tocante a esses rios, partir-se do pressuposto de que, em virtude de sua localização geográfica – já que nascem todos a leste de Bodoquena – não apenas a sua água apresenta uma estrutura muito similar, mas também o solo na região completa de Bonito possui características idênticas (vgl. Pott 1999).
 






























Análise de uma amostra de solo de Ceita Coré.


Aparentemente, o solo exerce papel preponderante na nutrição balanceada e muito favorável das plantas e forma um enorme depósito de nutrientes. É efetivamente assim que o solo nas localidades, em virtude da correnteza da água, só está coberto por areia em sua superfície. Sob essa superfície encontra-se um lodo marrom escuro, com pouca incidência de areia, como pode ser demonstrado pela análise. As partes compostas por sedimentos e lodo no conjunto são muito altas (85%), como eu pude constatar poucas vezes em biótopos nos trópicos (p.ex. solo de Echinodorus). De acordo com definições pedológicas, trata-se de um sedimento com baixo teor de lama. Paralelamente, a parte correspondente ao humo, com 2% (leve até moderadamente humosa), é suficiente para a alimentação das plantas com carbono, o que indica a coloração escura do solo.

Apesar do valor de pH ser levemente alcalino, é indubitável que os nutrientes se achem disponíveis em quantidade suficiente e que as plantas retirem os componentes essenciais do solo. Só assim se explica o crescimento fantástico das plantas no meio subaquático. Além disso, existem os altos teores de dióxido de carbono das águas que dão suporte ao crescimento. É incompreensível para mim como as plantas se alimentam de forma suficiente do nutriente essencial, potássio, pois este não pôde ser detectado na água e só está contido no solo em uma concentração muito baixa. O suprimento de potássio no total, portanto, é classificado como ruim. Por outro lado, o magnésio acha-se disponível em grandes quantidades e o fósforo, em uma concentração relativamente grande.

Os microelementos essenciais, manganês e ferro, estão disponíveis em concentração extremamente baixa, mas, em virtude das baixas quantidades de zinco e cobre (antagonismo iônico), acha-se garantido um suprimento satisfatório das plantas no tocante a esses nutrientes e seu transporte na planta. Infelizmente, em função dos altos custos da análise, não pôde ser analisada a capacidade de troca, que é uma medida referente ao suprimento imediato de nutrientes às plantas.

No geral, foi possível notar nos quatro corpos d’água uma densidade populacional muito alta das espécies citadas de plantas aquáticas, contudo, o número de espécies era reduzido. Em parte porque, em grandes extensões, algumas espécies apareciam como única vegetação. Aparentemente, as espécies de plantas disseminadas nesses corpos d’água e adequadas às suas condições nutricionais encontram condições ótimas, pois nunca pude constatar exemplares tão fortes em um biótopo tropical.                        



Temperatura e influências sazonais   

De acordo com as informações do nosso guia Pedro, a temperatura da água (24°C) não se altera muito no decorrer do ano. Isto se deve ao fato de que, na região de Bonito, as estações do ano não são muito distintas.  Na estação fria, que vai de maio a agosto, as temperaturas médias em Campo Grande são de aproximadamente 4°C abaixo das temperaturas observadas na estação quente, que vai de setembro a abril.

O quão fortemente o nível de água varia no decorrer do ano, eu não posso precisar. Contudo, eu presumo que embora a quantidade de precipitação durante a época quente, em dezembro e janeiro, nessa região, seja muito mais alta que a do inverno brasileiro, o nível de água não esteja sujeito a grandes oscilações. Nas espécies de plantas existentes, e.g. Potamogeton illinoensis, foi possível observar que o nível d’água só poderia se situar meio metro mais baixo. As nascentes, com certeza, nunca secam, o que pode ser constatado através das plantas d’água genuínas (ninféias, Potamogeton, Chara). As plantas, portanto, vivem nesses rios em condições de vida razoavelmente homogêneas, as quais também sustentam um crescimento consistente.


                                                                                                               Tradução: Frauke Allmenroeder.


Agradecimentos

Agradeço a Claus Christensen, da empresa dinamarquesa de cultivo de plantas aquáticas Tropica, pela grande quantidade de informações sobre Bonito, bem como pela cessão de literatura, o que me foi muito útil durante os preparativos para a viagem. Sou muito grata a Günther Ritter e Katharina Meyer, da Firma Tetra, pelas análises de minhas amostras de água. E, ainda, a Rainer Stawikowski e Hans-Georg Evers, que me auxiliaram na identificação dos peixes.


Bibliografia

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Pott, A. (1999) Nos Jardins submersos da Bodoquena. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Pott, V.J. & Pott, A. (1997) Checklist das Macrófitas aquáticas do Pantanal, Brasil. Acta. Bot. Bras., 11(2): 215-227.

— & —. (2000) Plantas Aquáticas do Pantanal. 404 p. Brasília.




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